Juan Francisco Sánchez Espinosa, médico espanhol, pertence à Sociedade
Espanhola de Sindonologia, ou seja, de estudos relacionados com a Síndone ou
Santo Sudário. Há vários anos, além de estudar, ele dá conferências sobre o
mais singular tecido da cristandade. Ele concedeu uma entrevista a ZENIT, nesta ocasião da nova ostensão do Sudário, em Turim.
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ZENIT: O que é o Santo Sudário?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: É um lençol funerário. Alguns autores
afirmam, com base nos vários tipos de estudos que já foram feitos, que a sua
origem remonta ao século I antes ou depois de Cristo, pelo tipo de estrutura
que ele tem. Curiosamente, as medidas não foram sempre as mesmas, porque, ao
longo do tempo, foi havendo várias sobreposições para sustentar o tecido. As
medidas atuais são de aproximadamente 4,36m x 1,10m. O vocábulo grego “síndon”,
que significa tecido, originou a palavra atual com que chamamos o Santo
Sudário, a “Síndone” de Turim. E a sindonologia é o estudo desse tecido tão
singular para toda a cristandade.
ZENIT: O que podemos ver na Síndone?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: Vemos uma imagem dorsal e frontal de um
homem que foi morto mediante a crucificação. Vemos múltiplas feridas
disseminadas por todo o tórax, pelo abdome, pelos membros superiores e
inferiores, do que parecem açoites; lesões na cabeça, mais de 600 feridas. E
também feridas de transfixação nos pulsos e nos pés.
ZENIT: Como o senhor descreveria a imagem que podemos ver na
Síndone?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: Você precisa estar a mais de um metro e
meio de distância para conseguir visualizá-la. Não se sabe onde começa e onde
acaba. É uma imagem que se formou na superfície do linho de 4 ou 5 micras de
profundidade por uma desidratação da celulose do linho; não existe nenhum resto
de pigmento, como foi demonstrado em um dos exames feitos em 1978. É algo
extraordinário, porque, com toda a tecnologia do século XXI, não somos capazes
de saber realmente como a imagem se formou. Alguns falam dela como a imagem
impossível, porque não tem explicação científica.
ZENIT: Também aparecem restos de sangue no Santo Sudário, não é? Que
explicação pode existir?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: É curioso que o sangue seja prévio à
formação da imagem. E é curiosíssimo porque algumas partes do tecido foram
raspadas e ficou comprovado que não há imagem. Então podemos concluir que a
imagem se formaria depois do sangue incrustado no tecido. O que sabemos é que
se trata de sangue do grupo AB. Mais ou menos 16% da população semítica ou
hebraica tem esse tipo de sangue. E, curiosamente, o sangue detectado no Santo
Sudário de Oviedo também é do grupo AB. Um detalhe importante é que, no sangue,
aparece uma grande quantidade de bilirrubina; e isso acontece quando a morte é
causada por muito estresse.
ZENIT: Por que podemos dizer que o Santo Sudário é um “negativo
fotográfico”?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: O primeiro que notou foi o fotógrafo
italiano Secondo Pia, em 1898. Alguns estudos dizem que essa imagem pôde surgir
por causa de uma radiação ortogonal; ou seja, que sai verticalmente do corpo e
produz a imagem. É como se o corpo tivesse emitido uma radiação; mas,
realmente, não se sabe exatamente como aconteceu.
ZENIT: Em 1988, foi feito o exame de carbono 14 e alguns opinam que
o resultado não é determinante para precisar a idade do tecido. Por quê?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: Essa prova tem uma confiabilidade de 67% e
a única coisa que ela faz é medir o número de átomos de carbono 14 que existem
nesse organismo. O carbono é gerado pelos raios cósmicos que formam o
nitrogênio. Deram quatro mostras do Sudário, mas todas cortadas do mesmo
pedaço. E era o pedaço que foi chamado de “remendo fantasma”, porque nele
existem misturas. Isso é um erro de metodologia, porque o lógico teria sido
pegar vários pedaços de diferentes partes do Santo Sudário. Quando se diz que a
Síndone é da Idade Média, é porque nas mostras que foram dadas às universidades
que a estudaram havia tecido medieval mesclado com o tecido original. É o que
acabou sendo chamado de “entretecido francês”, que é algodão tingido.
ZENIT: Que aspectos da imagem o senhor ressaltaria do ponto de vista
médico?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: É uma imagem que me diz o tipo de morte que
aquele homem sofreu; que ele teve um sofrimento brutal, que sofreu perfuração
nos pulsos e nos pés. Isso tem que ter causado uma dor horrorosa, porque,
provavelmente, atingiu o nervo mediano; por isso o dedo polegar ficou puxado
para dentro. Também há mais de 600 lesões que devem ter causado no homem da
Síndone um sangramento descomunal, com uma perda de sangue muito grande. Há
lesões de chicotadas compatíveis com o “flagrum taxilatum”, que era uma espécie
de chicote formado por tiras de couro terminadas nos chamados “taxil”, formados
por pedaços de ossos ou de chumbo que se cravavam na carne; de fato, há pedaços
de músculo que foram recolhidos do Sudário, na altura das costas da imagem.
Deve ter sido um espancamento selvagem. Esse tipo de tortura podia destroçar a
musculatura intercostal, lesionar órgãos internos, etc.
ZENIT: Alguns estudiosos também falam do pólen como prova de que a
Síndone veio de Jerusalém, não é?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: Sim, porque, nos estudos, foi descoberto
que muitas mostras de pólen que ficaram no tecido vêm da área de Jerusalém.
Concretamente, quatro ou cinco espécies que são próprias da região do Mar Morto
e de Jerusalém. Alguns pesquisadores judeus da Universidade Hebraica de
Jerusalém, como Uri Baruh, concluíram que o Santo Sudário esteve em Jerusalém:
na primavera e aproximadamente 2000 anos atrás.
ZENIT: O Santo Sudário é um milagre?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: Para mim, sim, é um milagre. Eu acredito
que Deus deixa rastros neste mundo e um deles é o Santo Sudário, porque não há
explicação científica. O Santo Sudário interpela você porque, se é verdade que
ele fala de Jesus Cristo morto e ressuscitado, o que a Igreja diz também é
verdade e, portanto, você precisa mudar de vida. E se para você não interessa
mudar de vida, então não interessa ouvir isto.