sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Apoiar aborto e eutanásia é falsa compaixão



O papa Francisco criticou neste sábado (15) a existência de uma "falsa compaixão" para justificar a ajuda às mulheres para realizar o aborto ou à prática da eutanásia em um doente. Em discurso na Associação de Médicos Católicos da Itália, no Vaticano, Francisco afirmou que existe um pensamento dominante que prega uma falsa compaixão que considera como uma ajuda à mulher favorecer o aborto.

Também criticou que o ato de procurar a eutanásia seja visto com dignidade, assim como "entender o nascimento de um filho como um direito e não como um dom, ou usar vidas humanas como porquinhos-da-índia para salvar presumivelmente outras".

"O abordo não é um problema religioso, nem sequer filosófico, mas científico porque se trata de uma vida humana. Não é lícito acabar com ela para resolver um problema", afirmou o papa. "Trata-se de um conceito que não pode mudar com o avanço dos anos, pois, no pensamento antigo ou moderno, matar significa sempre o mesmo", acrescentou.

Sobre a eutanásia, Francisco disse que pôr fim à vida de um doente é dizer não a Deus, um pecado contra o criador, ao considerar que o final da vida pode ser decidido pelos homens.

O papa pediu aos médicos que, nesses casos, tomem "decisões valentes, contracorrente". Em circunstâncias particulares, que "aproveitem da objeção de consciência".

"Vossa missão como médicos os põe em contato com muitas formas de sofrimento e, portanto, os encorajou que como encarregados de cuidar, como bons samaritanos, de maneira particular dos idosos, doentes e incapacitados".

Francisco lamentou que em um momento de grandes progressos científicos, que aumentam a possibilidade de cura de várias doenças, tenha ocorrido a diminuição da capacidade de cuidar das pessoas, sobretudo, dos que mais sofrem ou são frágeis. "As conquistas da ciência e da medicina podem contribuir à melhoria da vida humana na medida em que não se afastem das raízes éticas dessas disciplinas."

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A família e o projeto de Deus



Lúcidas palavras de Dom Orani Tempesta OCist, Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro.

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Os projetos de leis, os decretos do executivo e julgamentos do judiciário ultimamente têm seguido alguns caminhos ditados por uma mentalidade global que procura descontruir a família como sonhada no sábio projeto de Deus para a humanidade.
Diante dessas tentativas, convém refletirmos um pouco sobre a estrutura e finalidade da família à luz dos importantes ensinamentos da Santa Igreja. Afinal, para ela se voltam os olhares não só dos católicos, mas também de parte das mídias mundiais e de especialistas por ocasião da última semana do Sínodo Ordinário das Famílias, convocado pelo Papa Francisco.
Podemos, com a Palavra de Deus que é uma só, mas a nós transmitida por dois canais: a Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura tuteladas pelo Magistério da Igreja, seu guardião, bem como de bons teólogos e textos já trabalhados por outros defensores da família, expor alguns pontos fundamentais em defesa da família no projeto de Deus nos nossos dias.
Começamos, dizendo – seguindo o raciocínio de Dom Estêvão Bettencourt, OSB – que ela é uma instituição natural, núcleo da sociedade dos homens e mulheres. É na família que o indivíduo é ‘gente’ ou reconhecido como pessoa humana com o carinho que ele merece, ao passo que fora de casa o indivíduo muitas vezes é um mero número, impessoal e não raramente incômodo.
Daí se segue que, de acordo com a Lei Natural, a família tem seu fundamento na complementação física e psíquica que homem e mulher – e só eles – prestam um ao outro. Por isso, é uma instituição natural ou decorrente da própria natureza humana.
A sexualidade masculina e a feminina são intencionadas pelo Criador. São inconfundíveis entre si; não se deve procurar reduzir uma à outra. Homem e mulher foram por Deus dotados da mesma dignidade e dos mesmos direitos. Doando-se um ao outro a fim de, juntos, se doarem a Deus, encontram a sua plena realização.
O homem colabora para tanto com a sua racionalidade tendente à ação forte e, por vezes, fria, ao passo que a mulher oferece os dotes de sua intuição direta e profunda, muito sensível aos valores da vida e muito forte na sua paciência (cf. Curso sobre problemas de Fé e moral. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2007, p. 149; cf. Catecismo da Igreja Católica n. 2331-2336; 2360-2363).
Para se realizar dentro do projeto de Deus, que não varia de acordo com os arbítrios, caprichos ou legisladores humanos, a família tem, dentro do grande patrimônio bimilenar da Igreja, alguns pontos comuns importantes a salientar:
A Monogamia: Para que haja um verdadeiro matrimônio é preciso que o homem e a mulher se entreguem totalmente um ao outro sem reservas. Daí apoligamia ferir esse componente básico do casamento por uma simples razão de bom-senso: ninguém pode doar-se plenamente mais de uma vez ou a mais de uma pessoa ao mesmo tempo (cf. Concílio de Trento, sessão 24, de 11 de nov. de 1563, citado por Collantes. La Fe de la Iglesia católica, n. 1259-1263; Familiaris consortio n. 19).
A Indissolubilidade: tem como sinônimo a estabilidade, pois a doação dos cônjuges há de ser incondicional, ou seja, em todos os momentos e circunstâncias da vida (na saúde e na doença, na alegria e na tristeza etc.) haverá o respeito e compreensão de ambos os lados. Disso decorre que a doação sob condição (“enquanto você for amigo...”) já não é total nem verdadeiro matrimônio.
Poderá replicar alguém: mas a legislação civil dá direito ao divórcio, ou seja, à dissolução de um casamento validamente contraído e consumado. Respondemos que é verdade, mas, no caso, vale a Lei Natural Moral, lei do Criador impressa na criatura (“marca do Fabricante”), que é a indissolubilidade, e não a lei humana positiva, defensora do divórcio (cf. FC n. 83-84).
A respeito disso, diz São João Crisóstomo: “Não apeles para as leis promulgadas pelos que estão fora... Naquele dia, Deus não te julgará por essas leis, mas por aquelas que Ele mesmo promulgou” (Comentário sobre 1Cor 7,39s). Em poucas palavras, esse Padre da Igreja Antiga sintetiza uma verdade essencial da Filosofia e da Teologia Moral: a lei humana positiva para ser válida deve ser eco da Lei Natural Moral.
Ora, os que estão “fora” ou se julgam – erroneamente, é claro –, independentes de Deus, fazem as leis a seu bel-prazer colocando-se muitas vezes no lugar do Criador e por essa razão tornam o seu código legal iníquo e arbitrário, desmerecedor do acatamento dos homens de fé.
Pois bem: Deus não julgará ninguém de nós de acordo com essas leis humanas desligadas da Lei Natural Moral, mas, sim, de acordo com elas, pois foram por Ele promulgadas, a fim de guiarem o homem e a mulher nos Seus caminhos. Ela é como que o manual do Fabricante em cada ser humano. Seguindo-o não se perderá, afastando-se dele cairá na desgraça, pois ninguém desobedece à natureza impunemente, conforme diz um provérbio popular: “Deus perdoa sempre; o ser humano às vezes; a natureza nunca!” (cf. FC n. 20).
Certo é que, com isso, a Igreja não deixa de atender aos casais cujos casamentos foram nulos, ou seja, que existiram só na aparência, mas não na realidade, daí podem e devem ser declarados nulos (nunca anulados se verdadeiramente existiram) pela Igreja. Também a Igreja pede atenção aos casais em situações difíceis ou em segunda união, sem que a primeira tenha sido nula. Sejam acolhidos na comunidade eclesial junto aos seus.
A Mútua complementação física e psíquica: sem esse sentir com o outro (sentire cum), não há verdadeiro matrimônio. Podem existir (e, sem dúvida, existem) desentendimentos em coisas secundárias, mas, no essencial, mulher e homem hão de se complementar harmoniosamente, conforme se lê na Encíclica Casti Connubii, do Papa Pio XI, de 31 de dezembro de 1930: “O mútuo aperfeiçoamento interior dos cônjuges, o persistente esforço de conduzir-se mutuamente à realização pode ser considerado, de acordo com o Catecismo Romano, com toda razão e verdade como razão fundamental e sentido próprio do matrimônio. Mas então o matrimônio há de ser encarado, em sentido estrito, não como instituição destinada a procriar e educar a prole, mas, em sentido mais largo, como comunidade plena de vida” (n. 24).
Também a Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, diz, em seu número 50: “O matrimônio e o amor conjugal por sua própria índole, se ordenam à procriação e educação dos filhos. Aliás, os filhos são o dom mais excelente do matrimônio e constituem um benefício máximo para os próprios pais...”.
“O matrimônio, porém, não foi instituído apenas para a finalidade da procriação... Embora os filhos muitas vezes tão desejados, faltem, continua o matrimônio como íntima comunhão de toda a vida, conservando o seu valor e a sua indissolubilidade” (cf. FC n. 18 e 56).
A Educação dos filhos: Há uma ideologia, evidentemente errônea, segundo a qual o Estado deve ter cada vez mais ingerência na vida da família, talvez, ocupando o lugar natural que sempre coube aos pais – “com amor paterno e materno” – na educação dos filhos.
A essa mentalidade de fundo socialista, responde o Papa São João Paulo II, na Familiaris consortio n. 36, que “o dever de educar mergulha as raízes na vocação primordial dos cônjuges à participação na obra criadora de Deus: gerando no amor e por amor uma nova pessoa, que traz em si a vocação ao crescimento e ao desenvolvimento; os pais assumem por isso mesmo o dever de ajudá-la eficazmente a viver uma vida plenamente humana. Como recordou o Concílio Vaticano II: ‘Os pais, que transmitiram a vida aos filhos, têm uma gravíssima obrigação de educar a prole e, por isso, devem ser reconhecidos como seus primeiros e principais educadores. Esta função educativa é de tanto peso que, onde não existir, dificilmente poderá ser suprida. Com efeito, é dever dos pais criar um ambiente de tal modo animado pelo amor e pela piedade para com Deus e para com os homens que favoreça a completa educação pessoal e social dos filhos. A família é, portanto, a primeira escola das virtudes sociais de que as sociedades têm necessidade’”.
O dever dos pais na educação dos filhos é tão primordial que “por força de tal princípio o Estado não pode nem deve subtrair às famílias tarefas que elas podem igualmente desenvolver perfeitamente a sós ou livremente associadas, mas favorecer positivamente e solicitar o mais possível a iniciativa responsável das famílias. Convencidas de que o bem da família constitui um valor indispensável e irrenunciável da comunidade civil, as autoridades públicas devem fazer o possível por assegurar às famílias todas aquelas ajudas – econômicas, sociais, educativas, políticas, culturais de que têm necessidade para fazer frente de modo humano a todas as suas responsabilidades (FC n. 45).
Os pais têm a gravíssima obrigação de formar, no ministério da paternidade e da maternidade que lhes foi confiado por Deus no Sacramento do Matrimônio (FC n. 38), seus filhos para os princípios essenciais da vida de fé e os valores humanos. Daí a atenção dos cônjuges se voltarem para três importantes fatores educacionais: a educação sexual, os valores ensinados na escola convencional, pública ou particular, e a formação religiosa. Vejamos cada um deles:
a) Educação sexual: “Diante de uma cultura que ‘banaliza’ em grande parte a sexualidade humana, porque a interpreta e a vive de maneira limitada e empobrecida, coligando-a unicamente ao corpo e ao prazer egoístico, o serviço educativo dos pais deve dirigir-se com firmeza para uma cultura sexual que seja verdadeira e plenamente pessoal. A sexualidade, de fato, é uma riqueza de toda a pessoa – corpo, sentimento e alma – e manifesta o seu significado íntimo ao levar a pessoa ao dom de si no amor”.
Faz-se, portanto, importante que os pais eduquem seus filhos para a castidade que respeita, de modo nobre, o corpo humano segundo as normas éticas necessárias e precisas que garantam um crescimento pessoal responsável na sexualidade do homem e da mulher. Neste contexto, “a Igreja opõe-se firmemente a uma certa forma de informação sexual, desligada dos princípios morais, tão difundida, que não é senão uma introdução à experiência do prazer e um estímulo que leva à perda – ainda nos anos da inocência – da serenidade, abrindo as portas ao vício” (FC n. 37).
b) A relação dos pais com outras forças educativas: A família é, por direito inalienável, a primeira, mas não a única e exclusiva comunidade educativa dos filhos, pois fora dela existe o âmbito eclesial e civil. Eis a razão pela qual “o Estado e a Igreja têm obrigação de prestar às famílias todos os meios possíveis a fim de que possam exercer adequadamente os seus deveres educativos” (FC n. 40).
Todavia, caso se ensinem, nos colégios, “ideologias contrárias à fé cristã, cada família juntamente com outras, possivelmente mediante formas associativas, deve com todas as forças e com sabedoria ajudar os jovens a não se afastarem da fé. Neste caso, a família tem necessidade de especial ajuda da parte dos pastores, que não poderão esquecer o direito inviolável dos pais de confiar os seus filhos à comunidade eclesial”.
c) Formação religiosa: “O Concílio Vaticano II precisa assim o conteúdo da educação cristã: ‘Esta procura dar não só a maturidade de pessoa humana... mas tende principalmente a fazer com que os batizados, enquanto são introduzidos gradualmente no conhecimento do mistério da salvação, se tornem cada vez mais conscientes do dom da fé que receberam; aprendam, principalmente na ação litúrgica, a adorar a Deus Pai em espírito e verdade (cf. Jo 4,23), disponham-se a levar a própria vida segundo o homem novo em justiça e santidade de verdade (Ef 4,22-24); e assim se aproximem do homem perfeito, da idade plena de Cristo (cf. Ef 4,13) e colaborem no aumento do Corpo Místico. Além disso, conscientes da sua vocação, habituem-se quer a testemunhar a esperança que neles existe (cf. 1 Ped. 3, 15), quer a ajudar a conformação cristã no mundo’.” (FC n. 39).
O cristão nunca deve se esquecer, por mais que isso lhe custe perseguições, de que Deus criou homem e mulher e o homem deixará seu pai e sua mãe, se unirá à mulher e já não serão dois, mas uma só carne (Gn 1-3; Mc 10,11s; Lc 16,18 e 1 Cor 7,10; Ef 5,21-33).
Agora que estamos chegando ao final deste Sínodo dos Bispos sobre a Família, onde vimos com muita clareza a preocupação com os mais necessitados e, por outro lado, também a importância de uma boa preparação para o matrimônio, sempre é bom recordar verdades que nos conduzam à construção de um mundo novo.

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

domingo, 30 de agosto de 2015

Gineco obstetras uruguaios poderão opor-se a realizar abortos



Uruguai: ginecologistas poderão opor-se a realizar abortos
O Tribunal Administrativo decidiu a favor do direito legítimo dos médicos à objecção de consciência
Por Redação
 
Roma, (ZENIT.org)

O Tribunal Contencioso Administrativo do Uruguai (TCA) decidiu a favor de um grupo de ginecologistas que apresentaram recurso para impugnar 11 dos 42 artigos da lei que regulamenta a “interrupção da gravidez” no país. Na sentença 586/2015 de 11 de Agosto, os membros do TCA cancelam sete dos onze artigos que os médicos rejeitaram.

Os ginecologistas argumentavam que o Decreto Regulamentar n.º 375/012 da Lei 18.987 restringia “ilegitimamente o exercício do direito à objeção de consciência do pessoal sanitário”.
A partir de agora, qualquer médico poderá exercer o seu legítimo direito à objeção de consciência e abster-se de participar em qualquer etapa do procedimento para realizar um aborto.

No decreto original, os médicos objetores de consciência só podiam manifestar-se contrários a praticar um aborto no momento de realizar a curetagem ou prescrever a droga para abortar. Além do mais eram obrigados a participar na primeira consulta da mulher com uma equipe interdisciplinar e assinar o "formulário de interrupção voluntária da gravidez”.

O TCA afirma que "a pessoa que assina este formulário está participando ativa e diretamente no processo do aborto, ao qual não se permite objetar, mas se obriga a intervir”.

Para Gianni Gutierrez e Agustín Amonte, advogados dos médicos, “a sentença do TCA é contundente na defesa da liberdade e do exercício da profissão médica” porque permite que a objeção seja praticada “na sua máxima expressão”.

As mulheres uruguaias estão autorizadas a abortar em um prazo de doze semanas, até 14, quando foram vítimas de um estupro, e sem prazo quando existe risco para a saúde da mãe ou o feto é inviável. Para ter acesso à “interrupção voluntária da gravidez”, as mulheres devem passar antes pela consulta de um ginecologista, um psicólogo e um assistente social e, em seguida, deve cumprir um prazo de cinco dias de reflexão.

Em 2014, no Uruguay, foram realizados 8.599 abortos. Esta prática foi descriminalizada pelo governo de José Mujica no final de 2012.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O Homem do Sudário



Esta semana, fui conhecer a exposição "O Homem do Sudário", que está em um shopping center aqui em Maceió.

Impactante. Não há outra palavra para descrever a exposição. Nela, é explicado o contexto histórico, uma explicação científica sobre a crucifixão, dados médicos sobre a morte na cruz, e todos os detalhes, com fotos coloridas do Sudário de Turim.




Além disso, existem réplicas dos pregos usados na crucificação, da coroa de espinhos, das moedas que foram colocadas sobre os olhos de Jesus, dos flagelos usados pelos soldados, da lança. No final, uma réplica em tamanho natural do Sudário e do Cristo morto. Impressionante!



Vale a pena ver. Reacende a nossa fé, ao imaginar o tamanho do sofrimento de Jesus Cristo, por amor a nós, pecadores.



A exposição fica em Maceió até o dia 30/08, no shopping Parque. A entrada é um quilo de alimento não perecível.

Para saber mais:

http://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2015/07/exposicao-internacional-quem-e-o-homem-do-sudario-chega-maceio.html

http://maceioparqueshopping.com.br/acontece/exposicao-internacional-sobre-o-sudario-chega-pela-1a-vez-a-maceio-no-parque-shopping/

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Papa apela à unidade na luta contra a AIDS

 
 
Francisco envia carta aos participantes da Conferência sobre o HIV/AIDS realizada no Canadá
 
Roma, (ZENIT.org)

"Na luta contra a AIDS é necessário estarmos unidos se quisermos vencer". Foi o que disse o Santo Padre Francisco em mensagem enviada a 8ª Conferência da Sociedade Internacional da AIDS, sobre HIV Patogênese, Tratamento e Prevenção, realizada em Vancouver, Canadá, de 19 a 22 de julho.

Unidos é possível vencer. Este é o significado da mensagem do Papa Francisco na qual ele expressa sua "estima" por aqueles que se dedicam em salvar vidas, particularmente através da terapia antirretroviral e do tratamento de prevenção. Tais esforços "testemunham a possibilidade de um resultado positivo quando todos os setores da sociedade se unem por um objetivo comum", disse o Papa.

Francisco garantiu aos participantes as suas orações, na esperança que os avanços na farmacologia, no tratamento e na pesquisa sejam acompanhados por um "compromisso firme para promover o desenvolvimento integral de cada pessoa como um filho amado de Deus".

A mensagem do Santo Padre, assinada pelo Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, foi enviada ao Dr. Julio Montaner, co-presidente da Conferência e diretor do Centro de HIV/AIDS do hospital São Paulo em Vancouver.

Conforme relatado pela Rádio Vaticano, trata-se de uma instituição de inspiração católica, fundada pelas Irmãs da Providência, e tem-se distinguido para demonstrar que o diagnóstico precoce e o tratamento de pessoas vivendo com o HIV não só salva vidas, mas também é 96% eficaz na prevenção da propagação da doença.

O principal tema da conferência deste ano foi "tratamento como prevenção". Especialistas internacionais acreditam que poderiam debelar o HIV como emergência de saúde até 2030, se pelo menos 90% de todas as pessoas infectadas fossem corretamente diagnosticadas e tivessem acesso ao tratamento antirretroviral.


sábado, 20 de junho de 2015

Encontro da Pastoral da AIDS em Maceió




Acontece neste fim de semana, no Recanto Sagrado Coração de Jesus, em Maceió, o encontro de formação e sensibilização das Pastorais da AIDS do regional Nordeste 2, e eu tive a honra de ser convidado para falar sobre HIV e AIDS aos participantes, que eram mais de 40 pessoas.

Foi um encontro muito produtivo, com grande participação de todos. Estavam presentes, além dos participantes das várias dioceses, o assistente espiritual nacional, frei Luiz Carlos Lunardi.

A AIDS continua a ser um grande desafio para todos, principalmente nestes tempos de muita confusão, hedonismo e distanciamento de Deus pelo homem.

Que Deus nos ajude a continuarmos a enfrentar este e os outros desafios que temos pela frente!


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Dom Orani: sobre a ideologia de gênero



Republico, aqui, o belíssimo texto, lúcido e profundo, sobre a famigerada ideologia de gênero, do Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta OCist.

O original saiu aqui:
http://arqrio.org/formacao/detalhes/771/nova-ameaca-da-ideologia-de-genero

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“A ideologia de gênero é uma tentativa de afirmar para todas as pessoas que não existe uma identidade biológica em relação à sexualidade. Quer dizer que o sujeito, quando nasce, não é homem nem mulher, não possui um sexo masculino ou feminino definido, pois, segundo os ideólogos do gênero, isto é uma construção social” (Dr. Christian Schnake, médico chileno e especialista em Bioética, Ideologia de gênero: conheça seus perigos e alcances. Destrave. Canção Nova, acessado em 2/6/15), conforme expus em Nota Pastoral recém-publicada.

Ora, essa ideia, que vem sendo difundida como palavra de ordem nos últimos tempos, apareceu no Plano Nacional de Educação (PNE), mas, graças à mobilização das forças vivas e atuantes do Brasil, contando, inclusive, com alguns Bispos, foi banida. Agora, porém, volta ao Plano Municipal de Educação (PME). No mínimo isso é uma incoerência: colocar no plano municipal o que não consta no federal! Cada município ficará, pois, por meio de seus vereadores, responsável, diante de Deus e de seus munícipes, de excluir (se, obviamente, já estiver no texto), até o fim de junho, a revolucionária ideologia de gênero para as crianças e adolescentes em fase escolar atendidas pela rede municipal de ensino. Arbitrariamente, algumas atitudes federais já inserem alguns tipos dessa ideologia em nossas escolas, mesmo através de livros e outras decisões por decreto. Querem transferir para a orientação da escola aquilo que as famílias são chamadas da passar aos seus filhos.

De um modo amplo, ideologia é um termo que se origina dos filósofos franceses do século XVIII, conhecidos como ideólogos (Destutt de Tracy, Cabanis etc.) por estudarem a formação das ideias. Logo depois, passou a designar um conjunto de ideias, princípios e valores que refletem uma determinada visão de mundo, orientando uma forma de ação, sobretudo uma prática política.

Hoje, o termo ideologia parece ser amplamente utilizado, sobretudo por influência do pensamento de Karl Marx, na filosofia e nas ciências humanas e sociais em geral, significando o processo de racionalização – um autêntico mecanismo de defesa – dos interesses de uma classe ou grupo dominante para se manter no poder (cf. H. Japiassú e D. Marcondes. Dicionário Básico de Filosofia. 3ª ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999, verbete ideologia).

Ora, esta base é que sustenta a ideologia de gênero, cujas raízes merecem ser, em suas várias vertentes, conhecidas pelo povo brasileiro.

Pois bem, no período entre as duas grandes guerras mundiais (1918-1939), estudiosos de diversas áreas – Filosofia, Sociologia, História, Economia, Psicologia etc. – ligados à chamada Escola de Frankfurt, se puseram a criticar tanto a burguesia capitalista quanto o comunismo extremado, ou seja, aquele de fundo marxista-leninista dogmático. Em seu lugar, propunham um marxismo sorridente, capaz de se difundir no Ocidente dado que aqui se faziam muitas ressalvas ou críticas ao modelo comunista russo implantado no governo desde novembro de 1917.

Esse comunismo, mais aberto para enganar os ingênuos, trazia em seu bojo a filosofia marxista da luta de classes, na qual, segundo o filósofo alemão Frederick Engels, em sua obra “A Origem da Família, da Propriedade e do Estado”, escrita em 1884, “o primeiro antagonismo de classes da história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher unidos em matrimônio monogâmico; e a primeira opressão de uma classe por outra, com a do sexo feminino pelo masculino” (New York, 1972, p. 65-66).

Pois bem, essa luta de classes no modelo tratado por Engels foi unida às teorias de Sigmund Freud (1856-1939) e transformada também em luta de sexos, na qual a mulher seria a classe oprimida e o homem a classe opressora. A libertação viria no momento em que as mulheres se soltassem sexualmente, praticando a genitalidade sem barreira alguma. Mesmo o “incômodo” do filho teria solução: a Rússia legalizou o aborto já no ano de 1920, visto que ainda não se conhecia a pílula anticoncepcional e muito menos os fármacos abortivos.

Infelizmente, tudo isso não foi libertador, mas tornou muitas mulheres, sempre tão queridas por Deus, novas escravas, não mais apenas vítimas dos homens, mas de si mesmas, dado que, talvez na ânsia de se libertarem, acabaram pagando o alto preço dos efeitos colaterais da libertinagem, especialmente com o aumento da prostituição, do consumo de álcool e de outras drogas, das pílulas anticoncepcionais, das pílulas do dia seguinte (abortivas) e do aborto cirúrgico, cujas sequelas no corpo e na mente podem ser danosas para sempre. Afinal, nenhuma mulher com uma boa formação humana e cristã, por sua natureza materna inata, dormirá em paz depois de pensar que assassinou o próprio fruto do seu ventre.

Logo depois se assomou a isso tudo o construtivismo social. Que ensina essa escola? – Ensina a desconstrução da realidade, e, com Jaques Derrida e Michel de Foucault, foi também aplicada à sexualidade. Para eles não existe a realidade (objeto) nem o homem que descobre a realidade (sujeito), mas apenas a linguagem que produz os objetos ao lhe dar os nomes que os classifica e caracteriza.

Essa linguagem, porém, é fruto de mera construção social que atribui a ela o valor semântico que quiser. Daí serem esses valores mutáveis como a sociedade, de modo que o modelo cultural atual é responsável por destruir o anterior, e assim sucessivamente, inclusive no campo moral. Reina, portanto, o relativismo, e, para Foucald o pansexualismo: tudo giraria em torno da sexualidade.

Com o existencialismo ateu, dá-se um passo além, especialmente por obra de Simone de Beauvoir. Esta ensina que “não se nasce mulher, mas você se torna uma mulher; não se nasce um homem, mas você se torna um homem”. O gênero seria uma construção sociocultural sustentada pela experiência. Ora, se a experiência da mulher foi a de ser dominada pelo homem ao longo da história, na visão de Beauvoir, toda hierarquia deveria ser eliminada da vida pública e privada para dar lugar a relações de igualitarismo marxista (não de igualdade cristã) entre os seres humanos.

Chega-se, assim, ao feminismo de gênero como uma espécie de síntese de todas essas correntes que, brevemente, apresentei acima. Esse tipo de feminismo supera o anterior que o preparou, ou seja, aquele feminismo inicial desejoso de que a mulher fosse equiparada aos homens. Descreve bem essa evolução feminista a seguinte declaração de Shulamith Firestone: “Para organizar a eliminação das classes sexuais é necessário que a classe oprimida se rebele e assuma o controle da função reprodutiva..., pelo que o objetivo final do movimento feminista; isto é, não apenas a eliminação dos privilégios masculinos, mas da própria diferença entre os sexos; assim, as diferenças genitais entre os seres humanos nunca mais teriam nenhuma importância” (The dialectcs of Sex. Nova York: Bantam Books, 1970, p. 12).

Tudo isso leva-nos ao cerne do gênero, que é a permissão para que sejam eliminadas (como se isso fosse possível) todas as diferenças entre os sexos, complementando desse modo o que propusera o feminismo anterior ao pregar o seguinte: “a raiz da opressão da mulher está em seu papel de mãe e educadora dos filhos. Por isso deve ser liberada de ambas as tarefas, através da contracepção e do aborto e da transferência da responsabilidade da educação dos filhos para o Estado” (J. Scala. Ideologia de gênero. São Paulo: Katechesis/Artpress, 2011, p. 21). Estejamos atentos a algumas leis que já existem em que o Estado interfere na família e educação dos filhos.

A partir dos anos de 1980, todos esses ideólogos do feminismo antigo ou de gênero se uniram a outros lobbies e passaram a combater a família monogâmica e estável como um estorvo para a liberdade sexual imaginada desde os anos de 1960 para todos, a fim de destruir os planos perfeitos de Deus e, em seu lugar, impor os planos falhos da criatura.

O ser humano, como pessoa, nunca pode ser usado como um instrumento ou um objeto, mas deve ser contemplado e amado como tal, sendo dotado de dignidade e valores. A negação da transcendência afeta diretamente a dignidade da criatura humana. Pois como disse São João Paulo II: "a divindade da pessoa humana é um valor transcendente, como tal sempre reconhecido por aqueles que se entregam sinceramente à busca da verdade" (cf. Mensagem de sua santidade João Paulo II para a celebração do XXXII Dia Mundial da Paz: 1 de janeiro de 1999).

Analisando essas ideologias supracitadas, percebemos que elas são expressão de autoritarismos que visam a valorizar seus próprios interesses, fazendo com isso que a sociedade acabe negando a transcendência do ser humano e, consequentemente, rebaixando a dignidade do homem, acarretando graves implicações no campo dos direitos humanos.

Por fim, podemos concluir que a ideologia do gênero tornou-se um instrumento utilizado para atacar a dignidade da pessoa e também a família, pois esta representa para eles um tipo de 'dominação'. Ao contrário, nós dizemos que é pela família que conseguiremos restaurar tal dignidade; pois é por ela que somos educados e formamos verdadeiros valores e ideais.

As perguntas que ficam são: uma sociedade com indivíduos que cultivam ódio a Deus e tentam destruir valores intrinsecamente sagrados como a vida e a família poderão ter um futuro promissor? Os seres humanos são mais felizes ou mais frustrados com tudo isso? Não estaria, em parte ao menos, atrelado a essa degenerescência dos valores o alto índice de adolescentes e jovens que tentam buscar escapes nos entorpecentes ou mesmo nas tentativas ou na consumação de suicídios? As perguntas atuais sobre os rumos da humanidade e as dificuldades de respostas da sociedade estão a comprovar os descaminhos que a sociedade hodierna está tomando.

Já não passou da hora de nos voltarmos mais à misericórdia de Deus e confessarmos confiantes: Senhor, só Tu tens palavras de vida eterna! (cf. Jo 6,68)? Sim, pois só Ele é a verdadeira e definitiva libertação de toda opressão que o ser humano possa sofrer. E ao acolhermos a “palavra de Deus” iremos ver que encontraremos o verdadeiro “ser humano” criado à imagem e semelhança d’Ele. E veremos que mesmo os estudiosos e cientistas sérios chegarão à mesma verdade através de suas reflexões e raciocínios. Cabe a nós, cidadãos de hoje, levarmos avante os verdadeiros valores desta pátria que amamos e aonde habitamos como cidadãos que têm direitos e deveres e que se responsabilizam pelo futuro.


segunda-feira, 1 de junho de 2015

Qual ciência para qual vida?



O Papa Francis recebeu neste domingo, 30 de maio, na Sala Clementina, os participantes na conferência "Qual ciência para qual vida?'', promovido pela Associação Ciências e Vida, no encerramento desta conferência, em Roma.
''O vosso serviço em favor da pessoa humana é importante e encorajador" - disse o Santo Padre. Na verdade, a defesa e a promoção da vida representam uma tarefa crítica, tanto mais para uma sociedade marcada pela lógica negativa do descarte... A fim de proteger a pessoa dais primazia a duas ações fundamentais: para sair para encontrar e encontrar para sustentar''.
''O amor de Cristo incita-o fazer-se servos de jovens e velhos, de cada homem e mulher a quem devemos reconhecer e defender o direito fundamental à vida", continuou o Pontífice. A existência da pessoa, a quem  dedicais vossa solicitude é também vosso princípio constitutivo; é a vida na sua profundidade insondável que origina e acompanha todo caminho científico; é o milagre da vida que sempre põe em crise qualquer forma de presunção científica, restaurando a primazia para a maravilha e a beleza... Reiteramos que uma sociedade justa reconhece como primário o direito à vida desde a concepção até a conclusão natural. No entanto, eu desejo que estivéssemos lá e pensássemos com mais cuidado no tempo que une o início ao fim. Portanto, reconhecendo o inestimável valor da vida humana, também devemos refletir sobre como a usamos.''
Francisco disse que o grau de progresso de uma civilização se mede pela capacidade de defender a vida, sobretudo nas suas fases mais frágeis, do que pela difusão de tecnologias. ''Quando falamos do ser humano - ele afirmou - nunca nos esqueçamos de todos os ataques contra a sacralidade da vida humana. É atentado à vida a praga do aborto. É atentar à vida deixar nossos irmãos morrer a bordo dos navios no Estreito da Sicília. Ataque à vida é a morte no local de trabalho, porque as condições mínimas de segurança não são respeitadas. Ataque à vida é a morte de desnutrição. São ataques contra a vida o terrorismo, a guerra, a violência, mas também a eutanásia.''
''Eu incentivo - concluiu - a relançar uma nova cultura da vida que estabeleça redes de confiança e reciprocidade e ofereça horizontes de paz, misericórdia e comunhão.''






"Eis então, sublinhou ainda o Papa, Cristo, que é luz do homem e do mundo, ilumina a estrada por forma a que a ciência possa estar sempre ao serviço do homem e do mundo; e quando o saber esquece o contato com a vida real, torna-se estéril". Por isso, exortou o Papa, “convido-vos a manter alto o olhar sobre a sacralidade de cada pessoa humana, por forma a que a ciência esteja realmente ao serviço do homem e não o homem ao serviço da ciência”. 

Publicado no VIS, segunda-feira, 1 de junho de 2015

sexta-feira, 22 de maio de 2015

USA: proibido o aborto após a 20ª semana

 
 
Ainda não está aceitável, mas houve alguma mudança para melhor...

A agência Zenit publicou nesta semana uma notícia auspiciosa:mudam os ventos dentro do Congresso dos EUA. A Câmara dos Deputados aprovou ontem um projeto de lei que proíbe a execução do aborto após a 20ª semana de gestação.

O voto para o Pain Capace Protection Act Unborn Child obteve 242 favoráveis (a maioria Republicanos, exceto 5) e 184 contrários (a maioria Democráticos, exceto 4).

Se também o Senado tivesse que aprovar o desenho de lei, o presidente Barack Obama ameaça o veto. Os grupos pro-life esperam utilizar a medida como instrumento eleitoral, por ocasião das presidências de 2016, na esperança que um eventual novo presidente pro-life assine depois a lei.

O projeto de lei já tinha passado no mês de maio de 2013, mas depois parou no Senado, sendo naquele então o ramo do Congresso com maioria de democratas.

De acordo com pesquisas, a maioria dos americanos está cada vez mais pró-vida e apoia projetos de lei como aquele aprovado ontem. Uma investigação da Marist University observa que 84% dos entrevistados gostariam de restringir o aborto nos primeiros três meses de gravidez e é significativo que essa restrição seja desejado pelo 69% daqueles que se declaram pró-escolha. É de 84% também a percentagem de americanos que argumenta que a lei deve proteger tanto a mãe quanto o concebido.

Sessenta por cento dos americanos acha o aborto "moralmente inaceitável", contra 38% dos que são a favor. Segundo o The Polling Company, a restrição do aborto à 20ª semana de gestação, como prevê o projeto de lei apenas aprovado na Câmara, é apoiado pelo 64% dos americanos e tem a oposição de 30%.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

O Santo Sudário: entrevista com Dr Juan Francisco Espinosa






Juan Francisco Sánchez Espinosa, médico espanhol, pertence à Sociedade Espanhola de Sindonologia, ou seja, de estudos relacionados com a Síndone ou Santo Sudário. Há vários anos, além de estudar, ele dá conferências sobre o mais singular tecido da cristandade. Ele concedeu uma entrevista a ZENIT, nesta ocasião da nova ostensão do Sudário, em Turim.

***

ZENIT: O que é o Santo Sudário?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: É um lençol funerário. Alguns autores afirmam, com base nos vários tipos de estudos que já foram feitos, que a sua origem remonta ao século I antes ou depois de Cristo, pelo tipo de estrutura que ele tem. Curiosamente, as medidas não foram sempre as mesmas, porque, ao longo do tempo, foi havendo várias sobreposições para sustentar o tecido. As medidas atuais são de aproximadamente 4,36m x 1,10m. O vocábulo grego “síndon”, que significa tecido, originou a palavra atual com que chamamos o Santo Sudário, a “Síndone” de Turim. E a sindonologia é o estudo desse tecido tão singular para toda a cristandade.

ZENIT: O que podemos ver na Síndone?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: Vemos uma imagem dorsal e frontal de um homem que foi morto mediante a crucificação. Vemos múltiplas feridas disseminadas por todo o tórax, pelo abdome, pelos membros superiores e inferiores, do que parecem açoites; lesões na cabeça, mais de 600 feridas. E também feridas de transfixação nos pulsos e nos pés.

ZENIT: Como o senhor descreveria a imagem que podemos ver na Síndone?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: Você precisa estar a mais de um metro e meio de distância para conseguir visualizá-la. Não se sabe onde começa e onde acaba. É uma imagem que se formou na superfície do linho de 4 ou 5 micras de profundidade por uma desidratação da celulose do linho; não existe nenhum resto de pigmento, como foi demonstrado em um dos exames feitos em 1978. É algo extraordinário, porque, com toda a tecnologia do século XXI, não somos capazes de saber realmente como a imagem se formou. Alguns falam dela como a imagem impossível, porque não tem explicação científica.

ZENIT: Também aparecem restos de sangue no Santo Sudário, não é? Que explicação pode existir?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: É curioso que o sangue seja prévio à formação da imagem. E é curiosíssimo porque algumas partes do tecido foram raspadas e ficou comprovado que não há imagem. Então podemos concluir que a imagem se formaria depois do sangue incrustado no tecido. O que sabemos é que se trata de sangue do grupo AB. Mais ou menos 16% da população semítica ou hebraica tem esse tipo de sangue. E, curiosamente, o sangue detectado no Santo Sudário de Oviedo também é do grupo AB. Um detalhe importante é que, no sangue, aparece uma grande quantidade de bilirrubina; e isso acontece quando a morte é causada por muito estresse.

ZENIT: Por que podemos dizer que o Santo Sudário é um “negativo fotográfico”?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: O primeiro que notou foi o fotógrafo italiano Secondo Pia, em 1898. Alguns estudos dizem que essa imagem pôde surgir por causa de uma radiação ortogonal; ou seja, que sai verticalmente do corpo e produz a imagem. É como se o corpo tivesse emitido uma radiação; mas, realmente, não se sabe exatamente como aconteceu.

ZENIT: Em 1988, foi feito o exame de carbono 14 e alguns opinam que o resultado não é determinante para precisar a idade do tecido. Por quê?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: Essa prova tem uma confiabilidade de 67% e a única coisa que ela faz é medir o número de átomos de carbono 14 que existem nesse organismo. O carbono é gerado pelos raios cósmicos que formam o nitrogênio. Deram quatro mostras do Sudário, mas todas cortadas do mesmo pedaço. E era o pedaço que foi chamado de “remendo fantasma”, porque nele existem misturas. Isso é um erro de metodologia, porque o lógico teria sido pegar vários pedaços de diferentes partes do Santo Sudário. Quando se diz que a Síndone é da Idade Média, é porque nas mostras que foram dadas às universidades que a estudaram havia tecido medieval mesclado com o tecido original. É o que acabou sendo chamado de “entretecido francês”, que é algodão tingido.

ZENIT: Que aspectos da imagem o senhor ressaltaria do ponto de vista médico?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: É uma imagem que me diz o tipo de morte que aquele homem sofreu; que ele teve um sofrimento brutal, que sofreu perfuração nos pulsos e nos pés. Isso tem que ter causado uma dor horrorosa, porque, provavelmente, atingiu o nervo mediano; por isso o dedo polegar ficou puxado para dentro. Também há mais de 600 lesões que devem ter causado no homem da Síndone um sangramento descomunal, com uma perda de sangue muito grande. Há lesões de chicotadas compatíveis com o “flagrum taxilatum”, que era uma espécie de chicote formado por tiras de couro terminadas nos chamados “taxil”, formados por pedaços de ossos ou de chumbo que se cravavam na carne; de fato, há pedaços de músculo que foram recolhidos do Sudário, na altura das costas da imagem. Deve ter sido um espancamento selvagem. Esse tipo de tortura podia destroçar a musculatura intercostal, lesionar órgãos internos, etc.

ZENIT: Alguns estudiosos também falam do pólen como prova de que a Síndone veio de Jerusalém, não é?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: Sim, porque, nos estudos, foi descoberto que muitas mostras de pólen que ficaram no tecido vêm da área de Jerusalém. Concretamente, quatro ou cinco espécies que são próprias da região do Mar Morto e de Jerusalém. Alguns pesquisadores judeus da Universidade Hebraica de Jerusalém, como Uri Baruh, concluíram que o Santo Sudário esteve em Jerusalém: na primavera e aproximadamente 2000 anos atrás.

ZENIT: O Santo Sudário é um milagre?
Juan Francisco Sánchez Espinosa: Para mim, sim, é um milagre. Eu acredito que Deus deixa rastros neste mundo e um deles é o Santo Sudário, porque não há explicação científica. O Santo Sudário interpela você porque, se é verdade que ele fala de Jesus Cristo morto e ressuscitado, o que a Igreja diz também é verdade e, portanto, você precisa mudar de vida. E se para você não interessa mudar de vida, então não interessa ouvir isto.