domingo, 12 de abril de 2009

São Bento


SÃO BENTO

“Houve um homem de vida venerável, Bento pela graça e pelo nome (...)”. Assim escreveu São Gregório Magno, Papa e biógrafo de São Bento, um grande Santo, um dos Pais do Monaquismo Cristão, Padroeiro da Europa, poderoso intercessor, que comemoramos no dia 11 de julho.

São Bento nasceu por volta de 480, com sua irmã gêmea, Escolástica, em Núrsia, um vilarejo no alto das montanhas, a nordeste de Roma. Seus pais o mandaram para Roma a fim de estudar, mas ele achou a vida da cidade eterna degenerada demais para o seu gosto. Por conseguinte, fugiu para um lugar a sudeste de Roma, chamado Subiaco, onde morou como eremita por três anos, com o apoio do monge Romano.

Foi então descoberto por um grupo de monges que o incitaram a se tornar o seu líder espiritual. Mas o seu regime logo se tornou excessivo para os monges indolentes, que planejaram então envenená-lo. São Gregório narra como Bento escapou ao abençoar o cálice contendo o vinho envenenado, que se quebrou em inúmeros pedaços. Depois disso, preferiu se afastar dos monges indisciplinados.

São Bento estabeleceu doze mosteiros com doze monges cada, na região ao sul de Roma. Mais tarde, talvez em 529, mudou-se para Monte Cassino, 130 km a sudeste de Roma; ali destruiu o templo pagão dedicado a Apolo e construiu seu primeiro mosteiro. Também ali escreveu sua famosa Regra para o Mosteiro do Monte Cassino, que é ainda hoje seguida pelos mosteiros de sua Ordem e também de outras ordens monásticas. São Bento chama seus mosteiros, já no prólogo da Santa Regra, de “escolas de serviço do Senhor”.

Este grande santo morreu em Subiaco, por volta de 547, cercado pelos seus monges, em oração.

A Regra de São Bento, ou Regra dos mosteiros, ou Santa Regra, é conhecida pelo seu conteúdo, discernimento, equilíbrio e clareza de linguagem. Logo no início do Prólogo desta, está o primeiro e mais importante conselho de São Bento: “Escuta, filho, os preceitos do Mestre, e inclina o ouvido do teu coração (...)”. O espírito da Regra pode ser definido pelo lema da Ordem Beneditina: “Ora et labora”, ou seja, rezai e trabalhai, de tal modo que a observância desta Regra não seja impossível aos mais fracos, nem fácil demais aos mais fortes.

Outro ponto de grande veneração do povo cristão sobre São Bento é a sua famosa medalha. A ela se atribuem poder e remédio, seja contra certas enfermidades do homem e animais, ou contra os males que podem afetar o espírito, como as tentações do poder do mal. É freqüente também colocá-la nos cimentos de novos edifícios como garantia de segurança e bem-estar de seus moradores. A origem desta medalha se fundamenta em uma verdade e experiência do cunho espiritual que aparece na vida de São Bento tal como a descreve o papa São Gregório no Livro II dos Diálogos. O pai dos monges usou com freqüência do sinal da cruz como sinal de salvação, de verdade, e purificação dos sentidos. São Bento quebrou o vaso que continha veneno com o sinal da cruz feito sobre ele. Quando os monges eram perturbados pelo maligno, o santo mandava que fizessem o sinal da cruz sobre seus corações. Uma cruz era o selo dos monges na carta de sua profissão quando não sabiam escrever. Tudo isso não faz mais que convidar seus discípulos a considerar a santa cruz como sinal benfeitor que simboliza a paixão salvadora do Senhor, porque se venceu o poder do mal e da morte.
Na anverso da medalha encontra-se uma imagem de São Bento e a inscrição “Crux Sancti Patri Benedicti”. No reverso, encontra-se uma cruz e as iniciais da oração de São Bento (“Crux Sacra sit mihi lux, non draco sit mihi dux...”)

A medalha, tal como hoje a conhecemos, remonta ao século XII ou XIV ou talvez a uma época anterior de sua história. O papa Clemente XIV, em março de 1742, aprovou o uso da medalha que havia sido tachada anteriormente, por alguns, de superstição. Dom Gueranger, liturgista e fundador da Congregação Beneditina de Solesmes, disse que o costume de a imagem de são Bento aparecer com a santa Cruz, confirma a força que esse poder obteve em suas mãos. A devoção dos fiéis e as muitas graças obtidas por ela é a melhor mostra de seu autêntico valor cristão.

A Ordem de São Bento, a mais antiga Ordem religiosa em atividade no mundo, e uma das mais antigas no Brasil e nas Américas, tem uma enorme tradição em nosso meio. Seus mosteiros são há muito conhecidos e amados pelo amor que dedicam à Sagrada Liturgia, em todos os seus aspectos e detalhes, especialmente o canto gregoriano, sublime meio de estar mais perto de Deus. Por este aspecto, os mosteiros são, naturalmente, centros de atração de todos quantos necessitam de um tempo de oração mais profunda, mais recolhida, um encontro pessoal com Deus, em busca de paz e de acolhimento, de aconselhamento espiritual, da discrição, da liturgia vivida bela e profundamente na Santa Missa e no Ofício Divino, de contemplação e de oração; em suma, da Pax beneditina, que o ambiente monástico oferece na já tão conhecida e admirada hospitalidade beneditina. Praticamente todos os mosteiros possuem hospedaria para acolher estes peregrinos e quaisquer outras pessoas que batam à sua porta.
Além disso, não podemos esquecer a imensa irradiação cultural destes mosteiros, responsáveis pelo registro e guarda de boa parte do Saber humano na Idade Média, em uma época que não havia imprensa; portanto, todo o conhecimento humano tinha que ser, literalmente, escrito à mão, o que foi admirável e pacientemente feito pelas mãos desses monges.

A grande família beneditina não se resume aos monges. Há outras pessoas, que mesmo vivendo na agitação do mundo, sejam leigos (solteiros e casados) ou sacerdotes, também fazem parte desta família, ligados espiritualmente a um mosteiro, como parte da comunidade: são os oblatos. Estes cristãos buscam na Regra de São Bento, na Oração das Horas e na Lectio Divina a orientação para a vida cotidiana, para viver coerentemente o seu batismo, buscando a pax beneditina, sendo testemunhas da Santa Regra no mundo; e ainda sal, fermento e luz do Evangelho em um mundo cada vez mais afastado de Deus (Cf. Vaticano II e Documento de Puebla). O oblato de São Bento procura imprimir no seu apostolado cristão a espiritualidade beneditina.

São Bento, rogai por nós!

A Páscoa que desejamos

A PÁSCOA QUE DESEJAMOS

A Páscoa chegou! Jesus ressuscitou! Aleluia! Aleluia!

Todos os anos, nós, cristãos católicos, somos convidados, durante a Quaresma, a fazer uma reflexão sobre a vida que levamos. Quaresma é tempo forte de conversão, de mudança de vida, para uma nova vida em Jesus Cristo, que ressurgiu da morte para nos dar a nova vida na Páscoa, na Ressurreição.

Qual a Páscoa que desejamos? A Páscoa do amor, da fraternidade, da misericórdia, do perdão, da tolerância, do entendimento, da vida. E o que estamos fazendo para alcançarmos este objetivo?

Vivemos em um mundo cada vez mais secularizado, agressivo, competitivo, egoísta, individualista. Um mundo no qual assistimos uma escalada crescente de intolerância, ódio, incompreensão, egoísmo. Um mundo marcado profundamente pelo hedonismo, pelo laicismo agressivo, pela relativização dos valores mais sagrados do ser humano, como a vida, gerando a cultura da morte. Um mundo marcado pelo ódio às religiões, pela intolerância com o diferente, com o mais fraco, com o que acredita diferente da gente. Um mundo marcado pela banalização dos contra valores familiares, como o divórcio, a exaltação do homossexualismo e todas as suas funestas conseqüências, o sexo livre e desenfreado...

Vivemos em um mundo que ataca frontal e impiedosamente aqueles que ousam pensar diferente da maioria massificada. Recordemos os pesados ataques sofridos pela Igreja, quando ousou defender o direito à vida das duas crianças geradas por estupros sucessivos de um padrasto em uma menina de 9 anos em Pernambuco. A cultura da morte, afinal e infelizmente, prevaleceu.

Recordemos, ainda, os sucessivos ataques que o Papa Bento XVI e seus antecessores sofrem continuamente, quando denunciam corajosamente que o gravíssimo problema das doenças sexualmente transmissíveis, cujo maior expoente atual é o HIV / AIDS, não se resolve simplesmente distribuindo preservativos, e sim investindo maciçamente na única receita eficaz, que a Igreja sabiamente prega há séculos: fidelidade matrimonial e abstinência sexual dos não casados.

Mais ainda: vivemos em um mundo cuja violência virou rotina. A CNBB, este ano, através da campanha da Fraternidade sobre segurança pública, vem nos alertar para este gravíssimo problema, que está deixando a nós, homens e mulheres de bem, prisioneiros dos sistemas e esquemas de segurança. Quantas vidas já foram ceifadas pela violência? Quanto de nossas vidas pessoal, familiar, profissional é afetado diretamente pela violência?

Outro gravíssimo problema que enfrentamos é a corrupção em todos os níveis. O pior é que muitos homens de bem já aceitam as práticas tão comuns aos nossos políticos como inevitáveis e normais. Será que são?

Não podemos perder a nossa capacidade de indignação diante de tantas coisas que ferem os nossos princípios e valores cristãos. Precisamos lutar com todas as nossas forças para alcançarmos a Páscoa que desejamos, que buscamos, que merecemos, que nos foi prometida por Deus. Precisamos saber usar de nossa liberdade para o bem, para o amor, para a paz. Enfim, precisamos e podemos construir um mundo melhor.

Feliz Páscoa!



(texto publicado em 11/04/2009 n'O Semeador, na coluna do Cursilho de Cristandade, jornal da Arquidiocese de Maceió)

sábado, 11 de abril de 2009

Iniciando...

Bem vindo(a)!

Criei este espaço na internet para, simplesmente, escrever sobre assuntos que me tocaram de alguma forma. Não há periodicidade definida nem restrição de temas; apenas a vontade de compartilhar os pensamentos e idéias acerca deste mundo em que vivemos...

Comentários, sugestões e críticas são bem vindas para o crescimento de todos.

Boa leitura!