quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Ministério da Saúde pede ajuda à Igreja no combate à AIDS



O dia primeiro de dezembro é, em todo o mundo, o dia de combate à AIDS. É sempre oportuno e atual alertar as pessoas sobre esta doença, ainda incurável, mas prevenível com medidas simples.
Este ano, foi feita uma parceria, a meu ver, da mais alta importância: o Ministério da Saúde reconheceu que sua estratégia de prevenção da AIDS, baseada quase exclusivamente na distribuição de preservativos, falhou. O número de casos novos ainda é muito grande e a queda do número de novos casos não foi a que se esperava; por isso, o governo pediu ajuda à Igreja para disseminar informações e sensibilizar a população para fazer o teste precocemente, permitindo assim o tratamento precoce e a diminuição da transmissão.
O uso isolado do preservativo, sem a diminuição das práticas sexuais de risco e sem a prática da fidelidade conjugal e castidade contribui pouco para a prevenção desta epidemia tão séria.
Todos devemos nos engajar nesta luta. Informe, se informe, proteja-se, faça o teste - todo mundo sai ganhando!

domingo, 25 de outubro de 2009

Congresso Mundial de Médicos Católicos


A Federação Internacional de Associações de Médicos Católicos (FIAMC) anunciou a realização, de 6 a 9 de maio de 2010, do seu 23º Congresso Mundial, que se realizará em Lourdes, França.

Com o auspício do Pontifício Conselho para a Pastoral da Saúde, este Congresso-peregrinação, como foi chamado, refletirá em torno do tema "Nossa fé de médicos".

Entre as organizações que promovem este importante evento, também estão a Associação Médica Internacional de Lourdes (AMIL) e o Centro Católico de Médicos Franceses (CCMMF).

Os médicos conferencistas provêm de distintos países como a França, Itália, Espanha, Estados Unidos, Peru, Chile, Argentina, Índia, Austrália, Croácia, Alemanha, entre outros.

Na sessão de abertura participarão o Presidente da FIAMC, Dr. José María Simón Castellví; o Presidente do Pontifício Conselho para a Pastoral da Saúde, Dom Zygmunt Zimowski; Dom Jacques Perrier, Bispo de Tarbes e Lourdes; Cardeal Lluís Martínez Sistach, Arcebispo de Barcelona; e Dom Guyard, Responsável pela Pastoral da Saúde da França, Bispo de Havre.

Entre os temas a serem tratados no congresso, dividido em quatro sessões de trabalho, estão: "Os médicos católicos e a Igreja", "Pais e milagres", "O médico, imagem do Espírito Santo", "A maternidade, uma prioridade para a Igreja", "O amparo da vida humana, a fecundação in vitro, e os procedimentos relacionados desde o ponto de vista católico".

O programa (em francês) pode ser visto na seguinte direção: http://pagesperso-orange.fr/p.theillier/frprogramme.htm

Fonte: ACI Digital

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Células tronco de cordão umbilical


Médicos católicos contra o desaproveitamento dos cordões umbilicais
A FIAMC realizará seu 2º congresso sobre células tronco adultas

Por Patrícia Navas

MÔNACO, segunda-feira, 21 de setembro de 2009 (ZENIT.org).- Grande quantidade de cordões umbilicais estão sendo descartados apesar do elevado potencial das células tronco que contém e cujo uso não causa problemas éticos.

Assim assinalou à ZENIT o presidente da Federação Internacional de Associações de Médicos Católicos (FIAMC), Josep Maria Simon, ao apresentar o segundo Congresso Internacional de Médicos Católicos sobre células tronco adultas, que dedicará um espaço aos avanços sobre o cordão umbilical.

O encontro acontecerá no Principado de Mônaco de 26 a 28 de novembro, com a presença de destacados especialistas e autoridades, entre elas o príncipe Alberto II de Mônaco; e o presidente da Academia Pontifícia para a Vida, Dom Salvatore Fisichella.

“O ideal seria conservar o máximo de cordões umbilicais – indica o médico Simón Castellví – Deveria poder dispor de grandes bancos para que muitas pessoas pudessem se beneficiar”.

“Algumas instituições ainda preferem apoiar a investigação com células tronco embrionárias apesar dos escassos resultados obtidos e os problemas éticos que acarreta”.

“Vejamos se depois de tanto buscar a pedra filosofal ou o elixir da eterna juventude, descobrimos que o temos incorporado nas células tronco que se encontram em nossos próprios tecidos”, diz, para esclarecer depois que o verdadeiro elixir da vida eterna é a Eucaristia.

O príncipe Alberto de Mônaco assinala em sua carta de boas vindas aos participantes do Congresso que “os avanços da pesquisa sobre as células tronco adultas e do cordão umbilical, que reclamam a atenção da comunidade internacional, oferecem um importante ponto de inflexão científica”.

O Congresso abordará os últimos avanços e as perspectivas das pesquisas sobre células tronco adultas.

A FIAMC busca agora atualizar os conhecimentos científicos que se compartilharam durante o primeiro Congresso sobre células tronco adultas realizado em Roma no ano 2006, que contou com uma audiência com o Papa.

Tal e como explica a presidenta do comitê científico do Congresso, Eliane Gluckman, “o avanço na busca de novas áreas terapêuticas só pode ser conseguido através de intercâmbio de ideias entre cientistas, pesquisadores e médicos”.

Atualmente, “os grandes e consolidados avanços com as células tronco adultas residem no tratamento das enfermidades do sangue como as leucemias”, explica Simón Castellví.

“Em outros casos, como os tratamentos do coração infartado ou a obtenção de células para “trocar” tecidos corporais lesionados ou ausentes, há avanços práticos e verdadeiras perspectivas de futuro”, acrescenta.

“É por isso que a Igreja aposta pela pesquisa com células tronco adultas – conclui –: dão resultados e não acarretam os problemas éticos da obtenção de células tronco embrionárias (desmontagem do embrião humano)”.

“Também – assegura –, as células embrionárias são muito discolas, pouco manejáveis, e facilmente crescem sem controle produzindo tumores”.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Papa tinha razão sobre a AIDS


Reconhecido cientista assegura: Papa tinha razão sobre a AIDS
Declaração de Edward Green, diretor do Aids Prevention Research Project de Harvard

RÍMINI, quarta-feira, 26 de agosto de 2009 (ZENIT.org).- O diretor do Aids Prevention Research Project da Harvard School of Public Health, Edward Green, assegurou que na polêmica sobre a Aids e o preservativo Bento XVI tinha razão.

Ao intervir no “Meeting pela amizade entre os povos” de Rímini o cientista, considerado como um dos máximos especialistas na matéria, confessou que “lhe chamou a atenção como cientista a proximidade entre o que o Papa disse no mês de março passado no Camarões e os resultados das descobertas científicas mais recentes”.

“O preservativo não detém a Aids. Só um comportamento sexual responsável pode fazer frente à pandemia”, destacou.

“Quando Bento XVI afirmou que na África se deviam adotar comportamentos sexuais diferentes porque confiar só nos preservativos não serve para lutar contra a Aids, a imprensa internacional se escandalizou”, continuou constatando.

Na realidade o Papa disse a verdade, insistiu: “o preservativo pode funcionar para indivíduos particulares, mas não servirá para fazer frente à situação de um continente”.

“Propor como prevenção o uso regular do preservativo na África pode ter o efeito contrário – acrescentou Green. Chama-se ‘risco de compensação’, sente-se protegido e se expõe mais”.

“Por que não se tentou mudar os costumes das pessoas? – perguntou o cientista norte-americano. A indústria mundial tardou muitos anos em compreender que as medidas de caráter técnico e médico não servem para resolver o problema”.

Green destacou o êxito que tiveram as políticas de luta contra a Aids que se aplicaram em Uganda, baseadas na estratégia sintetizada nas iniciais “ABC” por seu significado em inglês: “abstinência”, “fidelidade”, e como último recurso, o “preservativo”.

“No caso da Uganda – informou – se obteve um resultado impressionante na luta contra a Aids. O presidente soube dizer a verdade a seu povo, aos jovens que em certas ocasiões é necessário um pouco de sacrifício, abstinência e fidelidade. O resultado foi formidável”.

sábado, 11 de julho de 2009

Ainda sobre o caso de Alagoinhas 2

Esclarecimento da Congregação para a Doutrina da Fé sobre o aborto provocado
Após o artigo do arcebispo Fisichella sobre a “menina brasileira”

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 10 de julho de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos o esclarecimento da Congregação para a Doutrina da Fé publicada no jornal da Santa Sé, "L'Osservatore Romano", em sua edição diária em italiano de 11 de julho, sobre o artigo publicado no mesmo periódico pelo arcebispo Rino Fisichella sobre a menina brasileira que foi submetida ao aborto dos gêmeos que gestava.

* * *

Esclarecimento da Congregação para a Doutrina da Fé

Sobre o aborto provocado

Recentemente chegaram à Santa Sé várias cartas, inclusive da parte de altas personalidades da vida política e eclesial, que informaram sobre a confusão que se criou em vários países, sobretudo na América Latina, após a manipulação e instrumentalização de um artigo de sua excelência Dom Rino Fisichella, presidente da Academia Pontifícia para a Vida, sobre o triste caso da “menina brasileira”. Nesse artigo, publicado no "L'Osservatore Romano" a 15 de março de 2009, apresentava-se a doutrina da Igreja, levando em consideração a situação dramática desta menina, que –como se pôde constatar posteriormente– tinha sido acompanhada com toda delicadeza pastoral, em particular pelo então arcebispo de Olinda e Recife, sua excelência Dom José Cardoso Sobrinho. A esse respeito, a Congregação para a Doutrina da Fé confirma que a doutrina da Igreja sobre o aborto provocado não mudou nem pode mudar. Esta doutrina foi exposta nos números 2270-2273 do Catecismo da Igreja Católica nestes termos:

“A vida humana deve ser respeitada e protegida, de modo absoluto, a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento da sua existência, devem ser reconhecidos a todo o ser humano os direitos da pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o ser inocente à vida (cf. Congregação para a Doutrina da Fé, instrução Donum vitae 1, 1). «Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi: antes que saísses do seio da tua mãe, Eu te consagrei» (Jr 1, 5). «Vós conhecíeis já a minha alma e nada do meu ser Vos era oculto, quando secretamente era formado, modelado nas profundidades da terra» (Sl 139, 15)”.

“A Igreja afirmou, desde o século I, a malícia moral de todo o aborto provocado. E esta doutrina não mudou. Continua invariável. O aborto directo, isto é, querido como fim ou como meio, é gravemente contrário à lei moral: «Não matarás o embrião por meio do aborto, nem farás que morra o recém-nascido» (Didaké 2, 2; cf. Epistola Pseudo Barnabae 19. 5; Epistola a Diogneto 5, 6: Tertuliano, Apologeticum, 9, 8). «Deus [...], Senhor da vida, confiou aos homens, para que estes desempenhassem dum modo digno dos mesmos homens, o nobre encargo de conservar a vida. Esta deve, pois, ser salvaguardada, com extrema solicitude, desde o primeiro momento da concepção; o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis» (Gaudium et spes, 51).

“A colaboração formal num aborto constitui falta grave. A Igreja pune com a pena canónica da excomunhão este delito contra a vida humana. «Quem procurar o aborto, seguindo-se o efeito («effectu secuto») incorre em excomunhão latae sententiae (CIC can. 1398), isto é, «pelo facto mesmo de se cometer o delito» (CIC can. 1314) e nas condições previstas pelo Direito (cf. CIC can. 1323-1324). A Igreja não pretende, deste modo, restringir o campo da misericórdia. Simplesmente, manifesta a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado ao inocente que foi morto, aos seus pais e a toda a sociedade”.

“O inalienável direito à vida, por parte de todo o indivíduo humano inocente, é um elemento constitutivo da sociedade civil e da sua legislação: «Os direitos inalienáveis da pessoa deverão ser reconhecidos e respeitados pela sociedade civil e pela autoridade política. Os direitos do homem não dependem nem dos indivíduos, nem dos pais, nem mesmo representam uma concessão da sociedade e do Estado. Pertencem à natureza humana e são inerentes à pessoa, em razão do acto criador que lhe deu origem. Entre estes direitos fundamentais deve aplicar-se o direito à vida e à integridade física de todo ser humano, desde a concepção até à morte» (Donum vitae, 3). «Desde o momento em que uma lei positiva priva determinada categoria de seres humanos da protecção que a legislação civil deve conceder-lhes, o Estado acaba por negar a igualdade de todos perante a lei. Quando o Estado não põe a sua força ao serviço dos direitos de todos os cidadãos, em particular dos mais fracos, encontram-se ameaçados os próprios fundamentos dum «Estado de direito» [...]. Como consequência do respeito e da protecção que devem ser garantidos ao nascituro, desde o momento da sua concepção, a lei deve prever sanções penais apropriadas para toda a violação deliberada dos seus direitos» (Donum vitae, 3).

Na encíclica "Evangelium vitae", o Papa João Paulo II afirmou esta doutrina com sua autoridade de Supremo Pastor da Igreja: “com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus Sucessores, em comunhão com os Bispos — que de várias e repetidas formas condenaram o aborto e que, na consulta referida anteriormente, apesar de dispersos pelo mundo, afirmaram unânime consenso sobre esta doutrina — declaro que o aborto directo, isto é, querido como fim ou como meio, constitui sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente. Tal doutrina está fundada sobre a lei natural e sobre a Palavra de Deus escrita, é transmitida pela Tradição da Igreja e ensinada pelo Magistério ordinário e universal” (n. 62).

No que se refere ao aborto provocado em algumas situações difíceis e complexas, é válido o ensinamento claro e preciso do Papa João Paulo II: “É verdade que, muitas vezes, a opção de abortar reveste para a mãe um carácter dramático e doloroso: a decisão de se desfazer do fruto concebido não é tomada por razões puramente egoístas ou de comodidade, mas porque se quereriam salvaguardar alguns bens importantes como a própria saúde ou um nível de vida digno para os outros membros da família. Às vezes, temem-se para o nascituro condições de existência tais que levam a pensar que seria melhor para ele não nascer. Mas estas e outras razões semelhantes, por mais graves e dramáticas que sejam, nunca podem justificar a supressão deliberada de um ser humano inocente”. (Evangelium vitae, 58).

Pelo que se refere ao problema de determinados tratamentos médicos para preservar a saúde da mãe, é necessário distinguir bem entre dois fatos diferentes: por um lado, uma intervenção que diretamente provoca a morte do feto, chamada em ocasiões de maneira inapropriada de aborto “terapêutico”, que nunca pode ser lícito, pois constitui o assassinato direto de um ser humano inocente; por outro lado, uma intervenção não abortiva em si mesma que pode ter, como consequência colateral, a morte do filho: “Se, por exemplo, a salvação da vida da futura mãe, independentemente de seu estado de gravidez, requerer urgentemente uma intervenção cirúrgica, ou outro tratamento terapêutico, que teria como consequência acessória, de nenhum nenhum modo querida nem pretendida, mas inevitável, a morte do feto, um ato assim já não se poderia considerar um atentado direto contra a vida inocente. Nestas condições, a operação poderia ser considerada lícita, igualmente a outras intervenções médicas similares, sempre que se trate de um bem de elevado valor –como é a vida– e que não seja possível postergá-la após o nascimento do filho, nem recorrer a outro remédio eficaz” (Pio XII, discurso “Frente à Família” e à Associação de Famílias Numerosas, 27 de novembro de 1951).

Pelo que se refere à responsabilidade dos agentes sanitários, é necessário recordar as palavras do Papa João Paulo II: “a sua profissão pede-lhes que sejam guardiães e servidores da vida humana. No actual contexto cultural e social, em que a ciência e a arte médica correm o risco de extraviar-se da sua dimensão ética originária, podem ser às vezes fortemente tentados a transformarem-se em fautores de manipulação da vida, ou mesmo até em agentes de morte. Perante tal tentação, a sua responsabilidade é hoje muito maior e encontra a sua inspiração mais profunda e o apoio mais forte precisamente na intrínseca e imprescindível dimensão ética da profissão clínica, como já reconhecia o antigo e sempre actual juramento de Hipócrates, segundo o qual é pedido a cada médico que se comprometa no respeito absoluto da vida humana e da sua sacralidade”. (Evangelium vitae, 89)

[Traduzido por Zenit]

Ainda sobre o caso de Alagoinhas 1

Caso da menina brasileira não muda ensinamento católico sobre aborto
Esclarecimento da Congregação para a Doutrina da Fé

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 10 de julho de 2009 (ZENIT.org).- Após as polêmicas surgidas sobre um artigo publicado no jornal vaticano pelo arcebispo presidente da Academia Pontifícia para a Vida sobre a menina brasileira que foi submetida ao aborto de gêmeos, a Santa Sé confirma que a doutrina da Igreja não mudou.

Explica-o um “Esclarecimento” publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé, na edição diária de 11 de julho de L’Osservatore Romano, como o próprio documento explica, em resposta a “várias cartas, inclusive da parte de altas personalidades da vida política e eclesial, que informaram sobre a confusão que se criou em vários países, sobretudo na América Latina”.

“A Congregação para a Doutrina da Fé confirma que a doutrina da Igreja sobre o aborto provocado não mudou nem pode mudar”, sublinha o “Esclarecimento”.

O documento se refere ao artigo publicado pelo L’Osservatore Romano no dia 15 de março de 2009, com o título “A favor da menina brasileira”, no qual o arcebispo Rino Fisichella, presidente da Academia Pontifícia para a Vida, analisava o caso da menina que, aos 9 anos, vou estuprada repetidamente pelo seu jovem padrasto, ficando grávida de gêmeos e que depois foi obrigada a abortar no quarto mês de gestação.

No artigo, Dom Fisichella confirmava que “o aborto provocado sempre foi condenado pela lei moral”.

Pois bem, em resposta às crônicas publicadas pelos jornais, o arcebispo considerava que, segundo seu parecer, não era adequado que o bispo do lugar anunciasse de maneira tão pública e rápida a excomunhão – “algo que se aplica de maneira automática”, esclarecia – dos envolvidos, pois desta forma não se ajuda a mostrar o rosto materno da Igreja.

O “Esclarecimento” vaticano informa que, como foi possível saber depois, a menina “tinha sido acompanhada com toda delicadeza pastoral, em particular pelo então arcebispo de Olinda e Recife, sua excelência Dom José Cardoso Sobrinho”.

O próprio Dom Fisichella, em declarações posteriores à mídia, havia esclarecido que, antes de escrever o artigo, dada a urgência de responder rapidamente à enorme polêmica que havia sido suscitada, não tinha podido falar com Dom Cardoso Sobrinho, motivo pelo qual não estava informado deste fato.

O documento da Congregação para a Doutrina da Fé, cujo presidente é o cardeal americano Willian Levada, não entra nos detalhes concretos deste caso, mas se limita a ilustrar os textos de referência do magistério da Igreja sobre o aborto, em particular os números 2270-2272 do Catecismo da Igreja Católica.

O texto cita também várias passagens da encíclica Evangelium vitae, assinada por JoãoPaulo II no dia 25 de março de 1995, em particular o número 58, no qual se esclarece que o aborto provocado nunca pode ser justificado, ainda que aconteça em “situações difíceis e complexas”, seja para o bebê ou para a mãe.

No que se refere ao problema de determinados tratamentos médicos para preservar a saúde da mãe, o texto esclarece que “é necessário distinguir bem entre dois fatos diferentes: por um lado, uma intervenção que diretamente provoca a morte do feto, chamada em ocasiões de maneira inapropriada de aborto ‘terapêutico’, que nunca pode ser lícito, pois constitui o assassinato direto de um ser humano inocente”.

Algo totalmente diferente, continua indicando o “Esclarecimento”, é “uma intervenção não-abortiva em si mesma, que pode ter, como consequência colateral, a morte do filho”.

Para explicar este ensinamento da Igreja, a nota cita um famoso discurso de Pio XII, de 27 de novembro de 1951, no qual afirma: “Se, por exemplo, a salvação da vida da futura mãe, independentemente de seu estado de gravidez, requerer urgentemente uma intervenção cirúrgica, ou outro tratamento terapêutico, que teria como consequência acessória, de nenhum nenhum modo querida nem pretendida, mas inevitável, a morte do feto, um ato assim já não se poderia considerar um atentado direto contra a vida inocente”.

“Nestas condições, a operação poderia ser considerada lícita, igualmente a outras intervenções médicas similares, sempre que se trate de um bem de elevado valor – como é a vida – e que não seja possível postergá-la após o nascimento do filho, nem recorrer a outro remédio eficaz”, dizia o Papa Eugenio Pacelli nesse discurso.

No que se refere ao papel dos médicos nestes casos, o documento lhes recorda, com a Evangelium vitae (n. 89), “a intrínseca e imprescindível dimensão ética da profissão clínica, como já reconhecia o antigo e sempre actual juramento de Hipócrates, segundo o qual é pedido a cada médico que se comprometa no respeito absoluto da vida humana e da sua sacralidade”.

O documento vaticano não entra em detalhes sobre a aplicação automática da excomunhão no caso do aborto.

sábado, 13 de junho de 2009

Os santos juninos

O mês de junho é muito querido por todos nós, brasileiros e nordestinos em especial, por causa das festas juninas, todas dedicadas a alguns dos santos mais queridos da nossa Igreja: Santo Antônio, São João Batista, São Pedro e São Paulo. Mais ainda: junho é mês dedicado pela Igreja ao Sagrado Coração de Jesus. E haja festa!

No dia 13 de junho comemoramos Santo Antônio, Doutor da Igreja. Nasceu em Lisboa, Portugal, nos fins do século XII. Destacou-se como insigne pregador do Evangelho, convertendo muitos hereges com suas magistrais pregações, principalmente na França e na Itália. Iniciou sua vida religiosa com os Dominicanos, mas depois de sua ordenação sacerdotal, seduzido pelo ideal de Francisco de Assis, de quem foi contemporâneo, tornou-se franciscano, e foi como tal que morreu já em odor de santidade, na cidade de Pádua, Itália, no ano de 1231, tanto que foi canonizado apenas 11 meses depois de sua morte. Foi o primeiro professor de teologia de sua Ordem. Este grande Santo é muito querido e admirado nestas terras brasileiras, com milhares de dioceses, paróquias, catedrais, igrejas e capelas dedicadas a ele. Santo Antônio já foi ou é capitão do Exército, oficial da polícia militar, vereador e vários outros títulos e condecorações dadas a ele por devoção de seus fiéis. Também é conhecido como santo casamenteiro, daí as inúmeras simpatias e promessas feitas por moças casadoiras a ele para arranjar um casamento...

São João Batista, o último e o maior dos profetas da Bíblia, o maior dos homens nascidos de mulher, como declarou o próprio Jesus, ao referir-se a ele (Mt 11, 11). Viveu vida de asceta, com muitas privações e provações. Enquanto no deserto, vestia-se de peles e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre (Mt 3, 4). Foi a voz que clamou no deserto para que o povo preparasse os caminhos do Senhor e endireitasse suas veredas (Cf. Is 40 ,3; Mt 3, 3). Ele anunciou o Cristo, o Messias, seu primo (Mt 3, 11) a quem batizou no Rio Jordão (Mt 3, 13-17) – ele que nem se considerava digno de desatar Suas sandálias. Ainda no ventre de sua mãe, Isabel, prima de Nossa Senhora, pulou de alegria ao receber a visita de seu primo, Jesus, também ainda no ventre de Sua Mãe (Lc 1, 41). Morreu decapitado por Herodes, por ter denunciado seu casamento com Herodíades, mulher de seu irmão (Mc 6, 14-29). É o único santo que a Igreja comemora o nascimento (24 de junho) como solenidade e o martírio (29 de agosto) como memória.

Por último, mas não menos importantes, dois pilares da Igreja, tão igualmente importantes que são comemorados juntos no dia 29 de junho: São Pedro e São Paulo. Neste dia, pela íntima relação com a fundação da Igreja e sua continuidade, também é comemorado o dia do Papa. Pedro foi o escolhido pelo próprio Cristo para ser a Pedra sobre a qual Ele fundou a Sua Igreja (Mt 16, 18-19). Pedro é a autoridade, a unidade da Igreja, que continua até os nossos dias ininterruptamente na pessoa do Papa. Paulo, que literalmente caiu por terra ao ser interpelado pelo próprio Cristo (“Saulo, Saulo, por que me persegues?” –Cf. At 9, 1-9), passou de perseguidor implacável de cristãos a apóstolo. Escreveu boa parte da Doutrina da Igreja, expressa nas suas cartas apostólicas, que formam boa parte do Novo Testamento da Sagrada Escritura, e em suas viagens para propagar o Evangelho.

Finalmente, todo o mês de junho é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, que é comemorado mais solenemente na sexta-feira após o 2º domingo depois de Pentecostes. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é uma das expressões mais difundidas da piedade eclesial, tal como refere recentemente o “Directório sobre a Piedade Popular e a Liturgia” da Congregação para o Culto Divino. Os Pontífices romanos têm salientado constantemente o sólido fundamento na Sagrada Escritura desta maravilhosa devoção. Nosso Senhor apareceu a Santa Maria Margarida Alacoque, e fez-lhe 12 promessas a quem cultue Seu Sacratíssimo Coração. Como conseqüência dessas aparições, no mosteiro de Paray-le-Monial a partir de 1673, este culto teve um incremento notável e adquiriu a sua feição hoje conhecida. Nenhuma outra comunicação divina, fora as da Sagrada Escritura, receberam tantas aprovações e estímulos da parte do Magistério da Igreja como esta.

* Texto publicado no jornal O Semeador, na colua do MCC, em junho de 2008

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O papa e os preservativos 2

O Papa e os preservativos 2

Meus caros,

Não esperava tanta polêmica (graças a Deus!). Recebi várias manifestações por email e pessoalmente, e percebi que, por culpa minha, não fui entendido - não me expressei bem. Vou tentar explicar melhor.

Quem é católico e segue fielmente os preceitos da Igreja não precisa de preservativos. Um casal casto e fiel não corre riscos de adquirir doenças sexualmente transmissíveis por via sexual.

Não sou contra os preservativos – pelo contrário! Quem não quer seguir os preceitos da Igreja, ou não consegue se controlar, que os use e seja feliz! O problema é o que querem fazer na África, que é o mesmo que querem (leia-se Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde) fazer aqui no Brasil: transformar os preservativos na panacéia que resolveria o gravíssimo problema das doenças sexualmente transmissíveis, inclusive a AIDS. Absolutamente, não é distribuindo preservativos que se evita essas doenças. É preciso uma campanha educativa permanente para ensinar, principalmente aos jovens, que estão iniciando suas vidas sexuais cada vez mais cedo, que sexo é coisa séria demais para virar objeto de brincadeiras ou substrato de experiências inconseqüentes. Sexo é sagrado, sexo é vida! E tem conseqüências seríssimas!

Educação sexual não é ensinar a fazer sexo – todo mundo sabe fazer sexo, é instintivo. Educação sexual é abrir os olhos para a realidade e mostrar o ônus e o bônus de cada relação sexual. Distribuir preservativos, simplesmente, como fazem no carnaval, é incentivar a prática do sexo, com a falsa sensação de segurança que o preservativo traz. Tão importante quanto usar preservativos é reduzir o número de parceiros sexuais. É matemático: quanto maior o número de parceiros, maior o risco de adquirir infecções. A Organização Mundial de Saúde classifica como promíscuo quem tem mais de dois parceiros sexuais por ano! Entretanto, nas campanhas “educativas” que se fazem aqui, só se referem ao uso de preservativos. Ninguém diz uma palavra sobre redução de parceiros. Pelo contrário: até se incentiva a encontrar o seu “amor de carnaval”. Ou ainda pior, como fizeram em Porto Alegre: máquinas automáticas de distribuição de camisinhas em escolas secundárias. Isto não é educação sexual, é incentivo ao ato sexual!

Em caso de parceiros sexuais já infectados com alguma doença sexualmente transmissível, como HIV/AIDS, hepatite B, gonorréia, sífilis, HPV etc, ou se a condição clínica for desconhecida (parceiro(a) novo e/ou desconhecido), aí é camisinha antes, durante e depois. Não se pode brincar de pegar doenças que são graves, incuráveis e letais, na maioria das vezes. A vida é o bem maior, que tem que ser preservada.

Permaneço à disposição para quaisquer esclarecimentos, seja aqui, como comentário, seja pelo email.

Obrigado pela paciência, até a próxima!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A gripe suína e a nossa condição humana

Estava hoje, uma sexta-feira, fazendo o balanço da semana agitada que tive, com os dois pacientes suspeitos de Influenza A (antiga gripe suína) que estavam internados no HEHA (antigo HDT). Um deles foi descartado e já foi liberado; o outro ainda vai ficar uns dias interno porque seu exame deu o que nenhum médico gosta de ver: resultado inconclusivo. Ou seja, nem sim, nem não. Na dúvida, mais alguns dias de hospital, até sair do risco de contaminação.
Sempre que aparece uma situação destas, como também ocorreu há 5 anos, com a pneumonia asiática; ano passado, quando houve o aparecimento de casos graves de febre amarela e um mini surto de sarampo na Bahia, (ambos pronta e eficazmente controlados, é importante dizer); eu fico pensando na fragilidade da nossa vida humana, que pode se acabar como um nada, por causa de um simples vírus. E tem tanta gente que se acha muita coisa, e outros tantos que não se acham: têm certeza...
Lá no hospital, além desses dois casos de Influenza A, tem um tétano, vários casos de dengue, inúmeros doentes de AIDS, vários destes terminais. Muitas doenças que poderiam ter sido evitadas por uma simples vacina, ou que foram causadas pelas más escolhas que fazemos na vida em relação ao sexo, alimentação, práticas "recreativas", como beber, fumar, cheirar...
Só me vem à cabeça a exortação que recebemos na Quarta-feira de Cinzas, ao início da Quaresma: "tu és pó, e a ele hás de voltar..."

sábado, 9 de maio de 2009

O papa e os preservativos

Reproduzo aqui texto divulgado pela Zenit no último 06 de maio. Para variar, interesses escusos tentam menosprezar a posição da Igreja, reduzindo toda a gravíssima situação da AIDS no continente africano (e por tabela, em todo o mundo) a uma questão de usar ou não preservativos, como se isto fosse suficiente e correto.

A barca de Pedro não afunda, pois tem assistência direta do Espírito Santo. Mas que as tempestades têm sido fortes, têm...

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Ocidente não tem direito de impor preservativo a africanos
Carta aberta de um grupo de estudantes camaroneses

ROMA, quarta-feira, 6 de maio de 2009 (ZENIT.org).- «Dizemos com firmeza nosso ‘não’ a este modelo cultural totalmente estranho a nossos valores e tradições, que nos está sendo imposto como determinante da melhoria de nossa vida.» Com estas palavras, um grupo de estudantes dos Camarões divulgou na Europa uma carta aberta, recebida pela Zenit, contra os ataques ao Papa por suas palavras sobre o preservativo, durante a viagem apostólica a Camarões e Angola no mês de março passado.

Nela, exige-se ao Diretor executivo do Fundo Mundial para a luta contra a AIDS, aos deputados belgas e aos ministros de Saúde espanhol, alemão e de Exterior francês, que «peçam perdão ao Papa e aos africanos».

Este grupo denuncia que a imprensa ocidental «instrumentalizou injustamente, em uma violenta campanha sabidamente orquestrada» as palavras do Papa, e que os ataques recebidos por este constituem «uma vergonhosa ingerência na realidade africana».

Os assinantes afirmam que os autores das críticas «identificaram o continente africano como um dos principais mercados de chegada dos preservativos para fazer crescer suas economias sociais. O jogo está claro: as indústrias do preservativo estão no Ocidente».

«O Santo Padre tocou na chave do problema, alarmando os agentes deste florescente negócio na África», acusam.

Para estes estudantes, utilizou-se o Papa como «bode expiatório» para «defender seus interesses econômicos ocultos após a exportação de suas práticas contraconceptivas a países com forte crescimento demográfico».

«Que promovam e defendam o uso do preservativo em sua casa, já que esta escolha corresponde às suas concepções antropológicas sobre o ser humano, mas não têm direito a impor suas escolhas aos africanos», acrescentam.

Especialmente, exigem ao Ocidente que «peça perdão aos africanos» por «enganá-los, apresentando-se como os verdadeiros benfeitores, quando na realidade não o são».

«De que serve proteger os africanos com o preservativo se depois os matam com tantos mecanismos de exploração ou com as armas pela guerra de interesses políticos e econômicos desses mesmos benfeitores?»

As pessoas na África «não morrem apenas de AIDS, e por isso é mentira dizer que o preservativo salva vidas humanas», acrescentam.

«Pedimos, portanto, a estes supostos benfeitores da África que deixem, de uma vez por todas, de especular com ela. É necessário inverter a tendência: a pobreza da África não deve fazer mais a riqueza dos países já desenvolvidos.»

Por último, os autores exigem ao Fundo para a luta contra a AIDS que destine os fundos com os quais conta «ao envio massivo de recursos para escavar poços de água e para construir implantes fotovoltaicos para a produção de energia solar, com o qual se favoreça uma distribuição massiva de água e luz».

«Estes são os bens essenciais e decisivos para a África, e todos os agentes da cooperação internacional ao desenvolvimento são muito conscientes disso. Esta é a ajuda humanitária que a África precisa para desenvolver-se, e não o preservativo», concluem.

Mais informação em: studentidelcamerun@yahoo.fr

domingo, 12 de abril de 2009

São Bento


SÃO BENTO

“Houve um homem de vida venerável, Bento pela graça e pelo nome (...)”. Assim escreveu São Gregório Magno, Papa e biógrafo de São Bento, um grande Santo, um dos Pais do Monaquismo Cristão, Padroeiro da Europa, poderoso intercessor, que comemoramos no dia 11 de julho.

São Bento nasceu por volta de 480, com sua irmã gêmea, Escolástica, em Núrsia, um vilarejo no alto das montanhas, a nordeste de Roma. Seus pais o mandaram para Roma a fim de estudar, mas ele achou a vida da cidade eterna degenerada demais para o seu gosto. Por conseguinte, fugiu para um lugar a sudeste de Roma, chamado Subiaco, onde morou como eremita por três anos, com o apoio do monge Romano.

Foi então descoberto por um grupo de monges que o incitaram a se tornar o seu líder espiritual. Mas o seu regime logo se tornou excessivo para os monges indolentes, que planejaram então envenená-lo. São Gregório narra como Bento escapou ao abençoar o cálice contendo o vinho envenenado, que se quebrou em inúmeros pedaços. Depois disso, preferiu se afastar dos monges indisciplinados.

São Bento estabeleceu doze mosteiros com doze monges cada, na região ao sul de Roma. Mais tarde, talvez em 529, mudou-se para Monte Cassino, 130 km a sudeste de Roma; ali destruiu o templo pagão dedicado a Apolo e construiu seu primeiro mosteiro. Também ali escreveu sua famosa Regra para o Mosteiro do Monte Cassino, que é ainda hoje seguida pelos mosteiros de sua Ordem e também de outras ordens monásticas. São Bento chama seus mosteiros, já no prólogo da Santa Regra, de “escolas de serviço do Senhor”.

Este grande santo morreu em Subiaco, por volta de 547, cercado pelos seus monges, em oração.

A Regra de São Bento, ou Regra dos mosteiros, ou Santa Regra, é conhecida pelo seu conteúdo, discernimento, equilíbrio e clareza de linguagem. Logo no início do Prólogo desta, está o primeiro e mais importante conselho de São Bento: “Escuta, filho, os preceitos do Mestre, e inclina o ouvido do teu coração (...)”. O espírito da Regra pode ser definido pelo lema da Ordem Beneditina: “Ora et labora”, ou seja, rezai e trabalhai, de tal modo que a observância desta Regra não seja impossível aos mais fracos, nem fácil demais aos mais fortes.

Outro ponto de grande veneração do povo cristão sobre São Bento é a sua famosa medalha. A ela se atribuem poder e remédio, seja contra certas enfermidades do homem e animais, ou contra os males que podem afetar o espírito, como as tentações do poder do mal. É freqüente também colocá-la nos cimentos de novos edifícios como garantia de segurança e bem-estar de seus moradores. A origem desta medalha se fundamenta em uma verdade e experiência do cunho espiritual que aparece na vida de São Bento tal como a descreve o papa São Gregório no Livro II dos Diálogos. O pai dos monges usou com freqüência do sinal da cruz como sinal de salvação, de verdade, e purificação dos sentidos. São Bento quebrou o vaso que continha veneno com o sinal da cruz feito sobre ele. Quando os monges eram perturbados pelo maligno, o santo mandava que fizessem o sinal da cruz sobre seus corações. Uma cruz era o selo dos monges na carta de sua profissão quando não sabiam escrever. Tudo isso não faz mais que convidar seus discípulos a considerar a santa cruz como sinal benfeitor que simboliza a paixão salvadora do Senhor, porque se venceu o poder do mal e da morte.
Na anverso da medalha encontra-se uma imagem de São Bento e a inscrição “Crux Sancti Patri Benedicti”. No reverso, encontra-se uma cruz e as iniciais da oração de São Bento (“Crux Sacra sit mihi lux, non draco sit mihi dux...”)

A medalha, tal como hoje a conhecemos, remonta ao século XII ou XIV ou talvez a uma época anterior de sua história. O papa Clemente XIV, em março de 1742, aprovou o uso da medalha que havia sido tachada anteriormente, por alguns, de superstição. Dom Gueranger, liturgista e fundador da Congregação Beneditina de Solesmes, disse que o costume de a imagem de são Bento aparecer com a santa Cruz, confirma a força que esse poder obteve em suas mãos. A devoção dos fiéis e as muitas graças obtidas por ela é a melhor mostra de seu autêntico valor cristão.

A Ordem de São Bento, a mais antiga Ordem religiosa em atividade no mundo, e uma das mais antigas no Brasil e nas Américas, tem uma enorme tradição em nosso meio. Seus mosteiros são há muito conhecidos e amados pelo amor que dedicam à Sagrada Liturgia, em todos os seus aspectos e detalhes, especialmente o canto gregoriano, sublime meio de estar mais perto de Deus. Por este aspecto, os mosteiros são, naturalmente, centros de atração de todos quantos necessitam de um tempo de oração mais profunda, mais recolhida, um encontro pessoal com Deus, em busca de paz e de acolhimento, de aconselhamento espiritual, da discrição, da liturgia vivida bela e profundamente na Santa Missa e no Ofício Divino, de contemplação e de oração; em suma, da Pax beneditina, que o ambiente monástico oferece na já tão conhecida e admirada hospitalidade beneditina. Praticamente todos os mosteiros possuem hospedaria para acolher estes peregrinos e quaisquer outras pessoas que batam à sua porta.
Além disso, não podemos esquecer a imensa irradiação cultural destes mosteiros, responsáveis pelo registro e guarda de boa parte do Saber humano na Idade Média, em uma época que não havia imprensa; portanto, todo o conhecimento humano tinha que ser, literalmente, escrito à mão, o que foi admirável e pacientemente feito pelas mãos desses monges.

A grande família beneditina não se resume aos monges. Há outras pessoas, que mesmo vivendo na agitação do mundo, sejam leigos (solteiros e casados) ou sacerdotes, também fazem parte desta família, ligados espiritualmente a um mosteiro, como parte da comunidade: são os oblatos. Estes cristãos buscam na Regra de São Bento, na Oração das Horas e na Lectio Divina a orientação para a vida cotidiana, para viver coerentemente o seu batismo, buscando a pax beneditina, sendo testemunhas da Santa Regra no mundo; e ainda sal, fermento e luz do Evangelho em um mundo cada vez mais afastado de Deus (Cf. Vaticano II e Documento de Puebla). O oblato de São Bento procura imprimir no seu apostolado cristão a espiritualidade beneditina.

São Bento, rogai por nós!

A Páscoa que desejamos

A PÁSCOA QUE DESEJAMOS

A Páscoa chegou! Jesus ressuscitou! Aleluia! Aleluia!

Todos os anos, nós, cristãos católicos, somos convidados, durante a Quaresma, a fazer uma reflexão sobre a vida que levamos. Quaresma é tempo forte de conversão, de mudança de vida, para uma nova vida em Jesus Cristo, que ressurgiu da morte para nos dar a nova vida na Páscoa, na Ressurreição.

Qual a Páscoa que desejamos? A Páscoa do amor, da fraternidade, da misericórdia, do perdão, da tolerância, do entendimento, da vida. E o que estamos fazendo para alcançarmos este objetivo?

Vivemos em um mundo cada vez mais secularizado, agressivo, competitivo, egoísta, individualista. Um mundo no qual assistimos uma escalada crescente de intolerância, ódio, incompreensão, egoísmo. Um mundo marcado profundamente pelo hedonismo, pelo laicismo agressivo, pela relativização dos valores mais sagrados do ser humano, como a vida, gerando a cultura da morte. Um mundo marcado pelo ódio às religiões, pela intolerância com o diferente, com o mais fraco, com o que acredita diferente da gente. Um mundo marcado pela banalização dos contra valores familiares, como o divórcio, a exaltação do homossexualismo e todas as suas funestas conseqüências, o sexo livre e desenfreado...

Vivemos em um mundo que ataca frontal e impiedosamente aqueles que ousam pensar diferente da maioria massificada. Recordemos os pesados ataques sofridos pela Igreja, quando ousou defender o direito à vida das duas crianças geradas por estupros sucessivos de um padrasto em uma menina de 9 anos em Pernambuco. A cultura da morte, afinal e infelizmente, prevaleceu.

Recordemos, ainda, os sucessivos ataques que o Papa Bento XVI e seus antecessores sofrem continuamente, quando denunciam corajosamente que o gravíssimo problema das doenças sexualmente transmissíveis, cujo maior expoente atual é o HIV / AIDS, não se resolve simplesmente distribuindo preservativos, e sim investindo maciçamente na única receita eficaz, que a Igreja sabiamente prega há séculos: fidelidade matrimonial e abstinência sexual dos não casados.

Mais ainda: vivemos em um mundo cuja violência virou rotina. A CNBB, este ano, através da campanha da Fraternidade sobre segurança pública, vem nos alertar para este gravíssimo problema, que está deixando a nós, homens e mulheres de bem, prisioneiros dos sistemas e esquemas de segurança. Quantas vidas já foram ceifadas pela violência? Quanto de nossas vidas pessoal, familiar, profissional é afetado diretamente pela violência?

Outro gravíssimo problema que enfrentamos é a corrupção em todos os níveis. O pior é que muitos homens de bem já aceitam as práticas tão comuns aos nossos políticos como inevitáveis e normais. Será que são?

Não podemos perder a nossa capacidade de indignação diante de tantas coisas que ferem os nossos princípios e valores cristãos. Precisamos lutar com todas as nossas forças para alcançarmos a Páscoa que desejamos, que buscamos, que merecemos, que nos foi prometida por Deus. Precisamos saber usar de nossa liberdade para o bem, para o amor, para a paz. Enfim, precisamos e podemos construir um mundo melhor.

Feliz Páscoa!



(texto publicado em 11/04/2009 n'O Semeador, na coluna do Cursilho de Cristandade, jornal da Arquidiocese de Maceió)

sábado, 11 de abril de 2009

Iniciando...

Bem vindo(a)!

Criei este espaço na internet para, simplesmente, escrever sobre assuntos que me tocaram de alguma forma. Não há periodicidade definida nem restrição de temas; apenas a vontade de compartilhar os pensamentos e idéias acerca deste mundo em que vivemos...

Comentários, sugestões e críticas são bem vindas para o crescimento de todos.

Boa leitura!